Sem plano de saúde, médico que caiu do 5º andar planeja ‘vaquinha’
Jovem feriu braço, fêmur, rádio, bacia e pulmão em acidente em dezembro.
Ele precisou parar de trabalhar para tratamento; dívida já soma R$ 18 mil.
Após sobreviver a uma queda do quinto andar de um prédio no centro de Brasília, o médico Tiago Rodrigues planeja organizar uma “vaquinha” para conseguir quitar as dívidas com o tratamento. Ele quebrou o braço esquerdo, sofreu achatamento do pulmão e fraturou o fêmur, o rádio, a bacia e o nariz. O jovem, de 26 anos, não tem plano de saúde e passou por cirurgias e internação em um hospital particular. A dívida já soma R$ 18 mil.
O acidente aconteceu no dia 10 de dezembro, na 316 Norte, durante uma confraternização de fim de ano entre amigos. Por volta das 3h, Rodrigues se sentou no parapeito da sacada para “tomar um ar” e acabou se desequilibrando. Ele define a própria sobrevivência como “uma sequência de sortes” e atualmente se locomove com uma cadeira de rodas.
“Não perdi a consciência em nenhum momento, porém não me lembro de nada. Creio que, por ter ficado acordado o tempo todo, eu sabia que não tinha morrido, mas fiquei, sim, com medo de morrer devido a alguma possível lesão interna”, disse. “Eu me sinto muito abençoado por ter sobrevivido. Pra mim, não há dúvidas de que foi um milagre. Muitos ao meu redor também acham isso.”
Depois da queda, de uma altura de 18 metros, o médico foi levado pelo Samu ao Hospital de Base. O estado grave de saúde não lhe garantiu atendimento na unidade, e ele precisou ser transferido para o hospital particular onde costuma dar plantões como clínico-geral.
Rodrigues recebeu então uma placa e 14 parafusos no fêmur, operou o braço e o nariz. Os médicos não cobraram os honorários, mas o jovem ficou devendo anestesias e sete dias de internação. O jovem não tem plano de saúde desde que deixou de ser dependente do pai, há um ano.
Impedido de trabalhar por causa da recuperação, ele também deixou de receber – o jovem ganhava entre R$ 2 mil e R$ 4 mil por mês – e precisou adiar o sonho de deixar a casa dos pais. Amigos e familiares têm ajudado com dinheiro, mas os valores arrecadados não foram suficientes para bancar todos os custos.
“Eles [o hospital] dividiram [os R$ 18 mil] em cinco vezes só, então são parcelas muito duras. Eu não tinha nada para dar de entrada”, conta. “Ainda vou ter gasto de fisioterapia também por um tempo. Devo voltar para os plantões lá para março, de cadeira de rodas ainda, provavelmente. Só não rola de ficar muito tempo parado, estou agoniado já. Preciso pagar essa conta. Não estou aguentando mais ficar sem trabalhar.”
Recuperação
Por causa do acidente, o médico precisou passar seis semanas com o braço esquerdo engessado. Ele não teve nenhuma sequela após a queda.
“Já posso ficar em pé apoiado na perna boa, mas ainda não posso andar, então minha locomoção ainda é com a cadeira de rodas. Comecei a fisioterapia do braço hoje [nesta quinta], então a mobilidade do braço deve dar uma boa melhorada daqui para frente. Ainda devo ficar de cadeira de rodas por uns 30 dias, mas estou me sentindo muito bem já. Tomar banho já está bem tranquilo, trocar de roupa também”, explica.
O jovem tem contado com a ajuda do irmão no dia a dia. Para ele, uma das explicações para não ter tido danos maiores é o fato de sempre ter feito atividade física intensa. Ele caiu em um gramado entre uma calçada e uma pedra.
“Meu osso era realmente muito duro, muito bom. Até na cirurgia eles disseram que foi difícil furar com a furadeira, porque a broca não estava conseguindo furar o osso de tão duro”, diz.
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